quarta-feira, 19 de junho de 2013

Um protesto, uma vivência.



Bom, acho que como eu participei do primeiro protesto daqui do meu estado e foi uma experiência bacana, acho válido registrar.
Além da minha vivência na passeata também pretendo jogar alguns pensamentos meus sobre o assunto mas não vou me aprofundar muito porque não me acho apta a fazer tal coisa.

Vou dividir então em dois blocos, minha visão do movimento e a vivência dele. 

Ps.: não vai dar pra fazer a revisão do texto hoje. Vai ficar tudo errado mesmo tá?  :P

Bloco I - Minhas opiniões aleatórias sobre os protestos.

Devo confessor que não sou uma pessoa muito politizada, aliás estou mais para alienada do que pra politizada. Não gosto do assunto, acho um saco política e eu queria do fundo do meu coração não ter que me importar com isso.
Sei que não é assim que funciona e ficar alheia a isso tudo só me prejudica e prejudica ao país. Porém, contudo, todavia, acho que o nível de alienação meu em comparação a um tanto de gente Brasil a fora está até baixo. O que é realmente triste e até revoltante de vez em quando. 

Vai ter aí gente defendendo que o povo é alienado porque a mídia é comprada pelo governo e acaba controlando todo mundo. O caso é que, não adianta a gente ficar colocando a culpa da alienação do povo na mídia também, porque existem outros meios de você saber o que está acontecendo, principalmente com a internet, basta utilizarem corretamente as ferramentas. 
Muitas pessoas são alienadas por preguiça e claro, muitas são porque não tiveram educação adequada para desenvolverem senso crítico e ultrapassar essa barreira. O que acaba caindo de novo pro lado do governo, que não investiu em educação e por isso estamos como estamos. Isso dá uma discussão enorme, que eu não vou me adentrar aqui. Mas enfim, eu creio que educação é a base que faria com que tudo isso acabasse, desde que as pessoas não decidissem ser alienadas por preguiça, como no meu caso. hahahaha


Tá, escrevi isso tudo e não disse lhufas sobre o que eu realmente acho dos protestos. Pois bem, acho muito válidos. Existem um tanto de críticas por aí dizendo que estão muito amplos, que não tem liderança, que não vai dar em nada, que é só um tanto de gente tirando foto e postando no facebook e etc. Sim, de certa forma, todas essas críticas estão corretas e tem seus pontos de vista. Mas eu não acho que por causa disso devemos ficar em casa. Melhor ir as ruas, mesmo que "desordenados" e mostrarmos o quanto estamos indignados com essa política do nosso país ou melhor ficar em casa sentados no sofá assistindo Copa do Mundo e achando tudo lindo?
Ora, melhor ir pras ruas! Independente do tanto de gente hipócrita que está indo, independente de ser ou não super mega hiper organizados. Acho sim que temos que sair do sofá e mostrar pros que estão lá em cima governando e ganhando horrores: "Ei, estamos indignados! Estamos cansados! Estamos tão revoltados com essa doideira que está o país que nem conseguimos nos organizar por um motivo só!"

Acho que é um começo, e tudo que começa, começa em fase de teste, fase beta. Começamos irritados por causa de um aumento de passagem absurdo, e em seguida o Brasil todo se revoltou com a ação da polícia despreparada e destreinada. Abraçamos todos essa causa e incorporamos em nossas manifestações tudo que tem de ruim por aí. Ainda está desordenado, ainda estamos em fase de teste. Mas o que começou por uma passagem de ônibus pode vir a ser uma revolução com um único objetivo, desde que as pessoas não desistam e liguem a TV para assistir novela e futebol. Desde que as pessoas continuem compartilhando mensagens pela internet, que aí, mesmo que vejam novela e futebol, na hora que ligam o pc, se lembram de o porque estavam nas ruas.

Esse movimento todo tem tendência de não dar em nada? Ah, claro que tem. Infelizmente. "Somos brasileiros com muito orgulho e com muito amor". Facilmente nos esquecemos das coisas ruins e com  piadinhas de tudo  e tudo aquilo se acaba em programas de comédia. É triste, mas pode acontecer. Mas mesmo se acontecer, mesmo assim, valeu a pena. Aconteceu, ficou na memória e poderá acontecer de novo quando as pessoas sentirem a revolta de novo. E então talvez, em uma segunda vez, seja mais organizado, who knows..
Independente de tudo, ficar em casa, não é melhor. No mínimo isso vai fazer o povo repensar em quem votar nas próximas eleições.. (ou assim espero u.u)
Bom, agora enough do meu "blá blá blá" sobre o que eu acho. Afinal, quem se importa né?


Bloco 2 - Eu fui pras ruas!


Desde de que começou a divulgação do protesto de São Paulo, fui atingida por trilhões de imagens revoltantes e notícias internet a fora, como todos vocês devem ter sido. Alguns se importaram menos e uns se importaram mais.

Acho que eu nasci com um pedacinho de uma faísca de revolucionária. Nunca quis estar a frente de nada (talvez eu seja medrosa) mas muitas coisas sempre me revoltaram e eu sempre quis poder fazer alguma coisa para ajudar.
Sempre fui medrosa e sempre tive pais medrosos e nunca fui em nada do tipo porque sempre achavam que eu ia ser morta por um elefante que ia aparecer do nada. hahaha

Mas dessa vez, com idade suficiente pra dizer: "eu estou indo", a minha faísca acendeu e eu tive vontade de ir. Avisei as pessoas aqui em casa que ficaram com um pézinho meio atrás mas não disseram para eu não ir, uma vez que aparentemente todos (com exceção do meu pai, que no início abriu a boca pra dizer que estavam todos certos mas quando decidi ir, disse que não concordava com esse tipo de protesto ¬¬). Queria muito ir mas não tinha com quem ir e não queria ser uma viajante de primeira viagem e encarar uma multidão de protesto sozinha. 

Cutuquei o evento criado no facebook e achei até bem organizado. Pautas definidas, trajeto definido, hora definida. Tudo certo. Marquei lá como "talvez".
A saída do povo ia ser às 18h da frente da Universidade Federal daqui e eu tinha aula a tarde nesse dia, que acabava exatamente as 18h. vesti minha blusa preta, como orientava o evento e fui pra aula.
A concentração ia começar as 17h e por sorte da vida, por motivos maiores (não creio que tenha sido o protesto) a professora encerrou a aula as 17h.

Sai e encontrei um tanto de gente na frente da universidade. Queria ficar e fui caçar alguém conhecido. Rodei uma vez e não vi ninguém, rodei duas vezes e não vi ninguém, rodei três vezes e já estava desistindo pensando que eu realmente era uma pessoa estranha e antissocial que não conhecia ninguém e ia ter realmente que ir embora. Voltando pra beber água num prédio perto encontrei um amigo de  infância do meu irmão andando aleatóriamente e sozinho! ÊÊÊ, grudei nele, claro.
Ganhei umas florzinhas (mini margaridas) das quais me agarrei durante toda passeata, e "pintei" (duas tiras) meu rosto de verde e amarelo com a tinta que alguém aleatório ofereceu. :P

Apareceu um amigo dele e depois mais um outro colega muito doido e tal. Ficamos lá discutindo coisas aleatórias sobre o movimento até a hora da saida, o espaço foi ficando apertadinho mas a energia do lugar estava boa, não era como estar num ônibus lotados com pessoas cansadas voltando do trabalho.
18:30, VEM PRA RUA! E lá fomos nós, fechando uma das vias de uma avenida principal, tirando o direito de "ir e vir" como disse meu pai, das pessoas. Pessoas que estavam do outro lado da via, em um trânsito mortal, batendo palma para os manifestantes, descendo dos ônibus e se juntando ao povo. Ninguém com raiva e irritado com a gente, porque a representavámos um pouco do que gostariam de estar fazendo. Assim que saímos da Universidade, parte das pessoas insistiram em andar na via que estava aberta para trânsito, mas vi pessoas fazerem o movimento ser organizado e com megafones ou simplesmente gritando pediam educadamente para as pessoas se concentrassem só na via que lhes foi concedida. Depois dessa primeira orientação, não vi mais ninguém tentando invadir a outra via. Não vi muitas pessoas destruindo coisas e as vezes via alguém tentando pixar as paredes ou ônibus mas eram logo vaiados e repreendidos pela multidão. Adamos pacatamente e por várias vezes cantamos o hino e vários outros "gritos de guerra". Era um mar de gente que parecia não ter fim, eu olhava e não conseguia definir se eu tava no meio, no começo ou no fim da passeata. Não vi gente usando drogas e nem bebendo. Me encantei com aquilo tudo, sabia que muita gente estava ali mas não entendia exatamente o porquê, mas vi muita gente consciente da luta por qual estava lutando.
Por onde passávamos, as pessoas saiam dos prédios, aplaudiam, filmavam e etc, não vi uma santa pessoa indignada com o movimento.
O protesto tinha como objetivo chegar ao pedágio da ponte que separa minha cidade da capital e abrir as cancelas. Porém, quando chegamos lá, as cancelas já estavam abertas e o povo decidiu seguir em frente atravessando a ponte. Atravessar a ponte a pé foi uma experiência única e maravilhosa, diga-se de passagem. Foi muito lindo também quando estávamos no descendo a ponte e os moradores dos prédios por ali, começaram a balançar "bandeiras" brancas e piscar as luzes! Enfim, descemos a ponte e parte das pessoas decidiram ir até a casa do Governador. Fui atrás do povo mas já estava cansada e não via muito objetivo em ir até lá. Porém, sou uma pessoinha curiosa e segui pra ver o que acontecia.
Quase chegando, minha mãe liga dizendo que já tava bom, que eu já tinha participado, que eu era uma criança feliz e já tava na hora de vir embora porque eu tava casada e tava tarde (sim, jé eram quase 22h).
Ok, cedi ir embora. u.u mas ainda andei até subida da casa do governador, onde a tropa de choque se encontrava barrando o caminho. As pessoas que estavam mais ou menos como líderes, pediram para o povo sentar. O povo sentou, e levantou, e sentou e levantou. E ninguém queria ficar com a merda da bunda no chão porque tava todo mundo com fogo no c*. hahaha mas ainda assim, ninguém estava depredando nada. Bom, achei por  bem que já tava tarde e que se eu realmente não fosse embora, nada ia acontecer a minha pessoa, mas iam me encher a paciência e eu não tava afim de sermão.
Vindo embora encontrei uma prima minha que mora ali perto e tinha ido com o noivo, dar uma olhadinha de curiosa no que tava acontecendo. Ela me convidou pra esperar meu pai me buscar (sim, tive que aceitar que ele viesse porque não estava passando ônibus e as ruas estavam desertas).
Uns minutinhos antes do meu pai chegar, barulhos de bombas, pessoas correndo. Claro, deu merda com a tropa de choque. Não fiquei pra ver, fui embora. Levei metade de um sermão, eu acho.
E foi assim. Gostei muito de ter participado e amanhã terá outro, do qual também irei.

Aparentemente resolvi ir embora bem na hora certa. Porque depois disso houve realmente confronto com a tropa de choque e só restou baderneiros para a mídia ficar feliz e gastar 5 minutos falando do movimento pacífico e 25 da baderna final.
Para um relato do que aconteceu eu aconselho esse link.
Tem gente que gosta né, de confusão. Tem gente que ia voltar pra casa triste se não tivesse falado que respirou gás lacrimogênio e levou/quase levou um tiro de bala de borracha. Tem gente que acha que se não tiver confusão, não foi manifesto. Que coisa hein? Não sei nem o que dizer dessas pessoas.
Pois é, minha gente.  Foi isso. Isso foi o que eu senti e isso foi o que eu vi.
Depois eu conto o de amanhã, talvez.
Inté mais ver.