domingo, 12 de abril de 2015

I'm almost halfway to 30.


E isso é (meio) assustador.



Dê play para ouvir a música enquanto lê a postagem

O que eu fiz da minha vida até agora? É a pergunta que não sai da minha cabeça.
Não que eu tenha me arrependido das minhas decisões, algumas poucas com certeza eu me arrependi, mas não as que realmente mudaram um rumo da minha vida. Essas foram as escolhas eu eu achei que fossem as melhores na época em que eu as escolhi.
O problema não é o arrependimento das escolhas no passado, apesar de eu não poder dizer com 100% de certeza que o passado não me assombra em nenhum caso. Nós somos movidos de passado, portanto o passado faz com que eu decida meus novos caminhos.
Mas de novo, esse não é ponto. O ponto é o futuro, o que eu fiz até agora para seguir adiante com o meu futuro e como ele será? Quinze anos atrás eu pensava que quando eu tivesse meus 25 minha vida ia estar pelo menos mais encaminhada do que está agora. Achava que 25 já era velho, quem dirá 30. Pensava que ao menos uma estabilidade financeira eu fosse ter. Acha que perto dos 30, eu já não estaria vivendo com meus pais, e quem dirá com o dinheiro deles.

Porém, cá estou, quase 30, parece até nome de filme. 29 anos, 4 meses e 5 dias. E como estou agora? Tentando terminar minha faculdade em artes, ainda vivendo na casa dos meus pais quase da mesma forma de quando eu tinha 15, ainda sendo sustentada por eles, até mesmo na terapia.

Acho que em geral eu consigo lidar bem com isso, digo, conheço pessoas que ficam mais desanimadas que eu se vendo numa situação dessa. Mas a verdade é que cada dia que passa eu não sei mais o que fazer com isso. É claro que sair de casa e ter independência financeira e consequêntemente de vida é uma demanda mais social do que das pessoas em si. Mas também acredito que fora a quase imposição que a gente sente vindo da sociedade, tem também o sentimento interno, de você mesmo, e não vindo de outro lugar que faz você querer ter seu próprio espaço para construir sua própria vida.

Ter 30 anos teoricamente já significaria você poder arcar sozinha com suas próprias decisões, mas ter 30 anos e morar sobre o teto dos seus pais não realmente significa isso. Significa sim, que você pode tomar uma certa quantidade de decisões maior do que você podia quando era adolescente, mas no fim, todas passam pelo aval deles.

Acho que a vontade maior de quebrar os laços é por causa que é muito difícil você ver seus pais como pessoas como você. Por anos da sua vida, você entende que eles são os que educam, são os heróis, sabem de tudo e tem a verdade. Mas aí você cresce e se torna adulto e entende que são tão frágeis quanto você. Nem sempre estão certos e é muito difícil de você encará-los quando não estão certos. Você não concorda, mas eles querem seu bem e acham que a decisão deles está certa, portanto não tem como contra argumentar, mesmo que você tente, no fim, só vai sair desgastado.

E ultimamente eu tenho percebido que eu não ando muito tendo paciência com eles sabe? Sempre que eu quero falar alguma coisa que eu sei que vão discordar eu já falo rispidamente. Principalmente com mamãe. Em geral eu não tenho muitos problemas com mamãe, ela é muito amiga e muito compreensiva, mas ninguém é totalmente anjo aqui na terra sabe, e ela tem umas falhas que eventualmente batem com as minhas. A gente se dá bem falando de coisas aleatórias da vida, desde que não seja sobre nossas vidas.

Entretando tem uma coisa específica sobre com mamãe da qual eu não tô sabendo lidar. O fato de que ela não quer que a gente saia de casa. Tipo, nunca. Ela diz "de brincadeira" pra todo mundo que ela não criou filhos para mundo e que os filhos dela, são só dela e com ela vão ficar. É aquilo né, toda brincadeira tem um fundo de verdade e essa tem um super fundo de verdade.
Ela realmente não quer que a gente saia e na minha humilde opnião, ela está usando meu cachorro como escudo. Escudo? Como? Simples assim: aqui em casa temos um cachorro, quer dizer, corrigindo, aqui em casa tenho um cachorro. Ele é meu porque foi eu que quis, e ele foi dado a mim pela minha melhor amiga, mais precisamente 10 anos e 11 meses atrás. Foi um caos aqui em casa para que eu conseguisse que ele ficasse, uma vez que minha avó e meu pai (principalmente) não queriam ele aqui. Mas eu queria muito de forma que esperniei, chorei, fiz birra e acima de tudo fiz uma promessa de que eu iria tomar conta dele pra todo sempre amém.

Todavia, com o tempo, todos se apegaram ao bichinho de forma que vovó e mamãe começaram a me ajudar a cuidar dele, sair com ele para os passeios diários, dar comida, água e levá-lo ao veterinário. Todas as despesas até então foram arcadas com dinheiro de papai (que reclamou algumas vezes mas não reclama mais porque se apegou ao bichinho).
Foi bom que elas me ajudassem porque nem sempre eu estava disponível para cuidar dele o dia todo, ou leva-lo para passear. A gente revezava no início e assim que os anos foram passando eu fui ficando preguiçosa e mamãe e vovó assumiram sair com ele todos os dias e alimentá-lo. Eu não me ausentei, mas as tarefas mais árduas elas que faziam.
Com o tempo vovó começou a não aguentar sair mais com ele por conta da idade (dela) e ficamos só eu e mamãe. Até que um dia, aleatório, mamãe decidiu por bem que não ia mais sair com ele, dia nenhum, hora nenhuma, Assim como também, não ia ficar com ele em casa sozinha caso eu quisesse viajar ou pelo menos passar o final de semana em qualquer outro lugar.
Simplesmente sobre o pretexto de que o cachorro é meu e que ela não tem obrigação nenhuma de sair com ele, não fez mais nada. Não pude julgar porque infelizmente, os argumentos dela estavam certos. Mas contudo fiquem refém de bichinho.
Outro fato que não mencionei é que ele passou por um trauma e não fica mais sozinho em casa, de forma que se todos forem sair, eu tenho que ficar.

Enfim, eu não posso mais viajar, nem por um final de semana. E se eu por acaso tivesse algum plano de me mudar daqui, esse não seria viável pois mesmo que eu levasse ele, não ia poder sair nunca de casa. 
Eu poderia dizer para vocês que mamãe reagir dessa forma está certo e que realmente o cãozinho é meu e é meu dever cuidar dele de todas as formas. Sim, eu sei que é. Mas eu vejo entre o olhar dela, a felicidade que ela apresenta, quando por acaso eu gostaria de passar o final de semana fora de casa mas não vou poder porque tenho compromisso com meu bichinho de estimação. Ela não fica com ele nem um final de semana, quem dirá uma semana?
Eu gostaria de acreditar que ela só está fazendo isso porque cansou de cuidar dele muito, já que ela fez isso mais do que deveria. Mas eu simplesmente não acredito, eu só consigo ver que meu animalzinho se transfou em um maravilhoso escudo de proteção para caso eu pense em sair de casa.

Espera, eu já mencionei que a minha namorada mora em outro estado? Pois é... 
Então, como se já não bastasse eu e meus paradigmas do que fazer no meu futuro próximo, ainda perco as esperanças de vez em quando porque penso que por no mínimo, 5 anos ainda continuarei por aqui. Montar casa com minha futura família? Pra que né?

As coisas tendem a ficar pioar ainda quando eu penso que com 29 anos, minha mãe já me tinha com 7 anos, meu irmão com 3, já era casada e já tinha casa. E semana que vem eu vou na terapia ler isso para a psicóloga que meu pai paga com o dinheiro dele, mas que no fundo ele nem concorda que o tratamento seja necessário.

Enfim, existem mais muitos questionamentos a serem feitos sobre morar com os pais aos quase 30 anos de idade, mas por enquanto eu vou ficar só com esses mesmos, e de quebra deixar esse meio de texto maios ou menos desconexo falando sobre o meu cachorro.
Sim, eu sei que começou numa coisa, emendou em outra e terminou tentando por fim nas conjecturas do início, mas enfim, eu queria escrever sobre as duas coisas e elas estavam de alguma forma conectadas, portanto foram arrumadas dessa forma.

Vejo vocês qualquer dia aew.
Ainda tenho um texto mental sobre as pessoas que encontro na rua durante o passeio com meu cachorro e um sobre como a minha mente pensa em formato de narrativa de um livro quando eu termino de ler um mas essas coisas, como sempre, vão ficar pra uma outra hora.

Um beijo e até.

(as always, no grammar cheking has been done)

Estou editando para inserir nessa postagem a música da minha vida, junto com sua tradução, já que ela tem tuuuuuuuudo a ver com esse meu último desabafo. Dê play no player no topo da postagem e conte junto comigo!


Time - Pink Floyd

Ticking away the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an offhand way
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way

Tired of lying in the sunshine
Staying home to watch the rain
You are young and life is long
And there is time to kill today
And then one day you find
Ten years have got behind you
No one told you when to run
You missed the starting gun

And you run and you run to catch up with the sun
But it's sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way
But you're older
Shorter of breath and one day closer to death

Every year is getting shorter
Never seem to find the time
Plans that either come to naught
Or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desparation is the English way
The time has gone, the song is over
Thought I'd something more to say

Tempo
O "tic-tac" vai marcando cada momento de um dia morto
Você gasta à toa e joga no lixo as horas, descontroladamente
Perambulando de um lugar para outro em sua cidade natal
Esperando por alguém ou algo que te mostre o caminho

Cansado de tomar banho de sol
De ficar em casa vendo a chuva
Você é jovem, a vida é longa
E há tempo para desperdiçar
Até que um dia você descobre
Que dez anos ficaram para trás
Ninguém te disse quando começar a correr
Você perdeu o tiro de largada

E você corre e corre atrás do sol
Mas ele está se pondo
Fazendo a volta para nascer outra vez atrás de você
De uma maneira relativa o sol é o mesmo
Mas você está mais velho
Com menos fôlego e um dia mais perto da morte

Cada ano vai ficando mais curto
Parece não haver tempo para nada
Planos que dão em nada
Ou meia página de linhas rabiscadas
Esperar em quieto desespero é a maneira inglesa
O tempo se foi, a música terminou
Pensei que eu tivesse algo mais a dizer