domingo, 17 de março de 2019

Desserviço

Hello.
Sim, já faz algum tempo. Aliás, já faz alguns anos que sempre que eu venho escrever "já faz um tempo". Talvez vocês estejam pensando que eu me tornei uma pessoa feliz e por isso não venho aqui mais colocar meus desprazeres da vida, mas a bem da verdade é que eu não ando tendo muito tempo para fazer nada do que eu gostaria, muito menos escrever.
Perdi o hábito de escrever também, de forma que nem sempre os pensamentos se transformam em texto facilmente como costumava ser. Eles passam rápido agora também, talvez tenha sido uma maneira que construí com o tempo de me defender das inconstâncias da vida: se não penso muito sobre isso, talvez o sentimento vá embora. Tenho consciência de que não vai, mas como o tempo livre não é mais como antes, os textos vão ficando de lado. Eu sinto saudades de escrever. Escrevendo eu "desemaranhava" mais os dilemas da minha mente.
Enfim, não dá pra escrever tudo isso hoje, é muito tempo de pensamentos acumulados e ignorados.
Hoje decidi abrir esse espaço novamente só porque não acho que haveria ninguém que eu pudesse me queixar que de fato fosse ajudar em alguma coisa, a não ser a psicóloga, da qual eu não posso mais pagar.
O fato é que já vai fazer um ano que estou morando com ela. Uma reviravolta na vida, muito mais dela do que minha, mas na medida do possível tem funcionado. Há vários desentendimentos mas o principal que é manter o relacionamento bem, a gente tenta preservar e então, o resto vai se encaixando.
Tudo certo na medida do possível. Bom, mas não era do tudo certo que eu vinha falar né? O caso é que J tem ansiedade e talvez depressão. Algo que se comprova de uma maneira que eu não consigo entender e portanto não consigo ajudar. Sabe, eu sempre fui boa em ler pessoas e sentimentos, mas a ansiedade dela é algo muito mutável e eu não sei, nem de longe, em como lidar. Sempre que está em crise, tudo que eu faço só piora a situação. E eu não consigo me desligar, me afastar e deixar o tempo dela. Eu quero o tempo todo interferir para que ela melhore. Sim, quero que ela melhore, mas analisando friamente q situação, eu não tenho agido para que ela melhore só por ser uma pessoa boazinha, eu faço isso por que ela estando de bom humor, eu tendo a ficar mais feliz e ela assim instável, me deixa derrotada. Derrotada por diversos motivos, derrotada por ser dependente (quase quimicamente) dos sorrisos e bom humor dela e derrotada principalmente por me sentir impotente e incapaz. Eu não consigo ajudá-la, nem por mim e nem por ela. Sendo mamãe a frase certa a se usar essas horas seria "aceita que dói menos", mas não mãe, nesse caso aceitar dói mais.
Bom, fora eu ser a pessoa mais inútil nesse caso, em situações que ela tá mais tranquila e receptivel a conselhos, eu tento falar coisas que (no meu conceito de leiga) ajudem a aumentar a autoestima dela, que é extremamente baixa. Nesses dias que ela tá menos mal, algumas das minhas palavras ecoam na mente dela e de vez em quando geram bons frutos (de novo, na minha percepção).
O fato é que, em 6 anos e meio de relacionamento e em 1 ano juntas, o trabalho é árduo e nem sempre funciona porque em geral tem razões erradas. Mas, das poucas vezes que funcionou, deu alguns resultados, ajudando ela a se aceitar mais.
Aí que finalmente, depois de mil falações aleatórias, chegamos ao ponto do motivo do texto.
Eu venho me contorcendo para tentar ajudar minha pessoa queria do coração q não ser interferida pelo julgamento idiota da sociedade quando num domingo de sol aleatório, me liga um membro da família dela, membro crucial, diga-se de passagem. Tia economicamente estável e independente, liga para minha pessoa querida fazendo cobranças relativas a vida dela. Como ela está? Já arrumou emprego? Já entrou no doutorado? Ainda tá morando sozinha? "Cuidado, você já tá ficando velha".
Ah bicho, na moral, mil anos tentando manter a autoestima regulada, um sacrifício do caralho, para chegar alguém assim e fazer esse desserviço? Para que? Com qual objetivo?
Tô triste e tô com raiva. Já não tava sendo um final de semana fácil, já que estamos passando por uma fase de TPM, e ainda pegam e jogam aleatoriamente uma bomba? Que tipo de família é essa que só faz pressionar? U.u
Não sei lidar com isso, tô doida que ela começa um tratamento psicológico o mais rápido possível. Porquê essas horas, não tem jeito, quem tem estar emocionante estável para poder se impor, é ela e então tem muito o que eu possa fazer.
Bom, acho que é isso. O texto começou bom mas o intuito dela ela só vir xingar a cara de alguém mesmo.
Sim, eu sei que todos da família.dela tem seus próprios motivos e que em geral querem ajudar. Também sei que as pessoas só vão aonde te permitem mas por hoje essa outra parte da análise, vai ficar pendente. Hoje tô só puta, chateada e triste.
Hoje só queria socar a tia dela.
Enfim,
Inté.